pedra seca, caminho duro

O caminho, escavado na pedra, ladeia a ribeira. Tem ainda uma parede de suporte feita de pedra. Pedras sábia e cuidadosamente escolhidas e colocadas. “Foi às mãos do meu pai”, diz Manuel Augusto, que vem da horta sair-nos ao caminho para os bons dias. A conversa andou entre pedras e a dureza do tempo de antigamente e de um regime político do medo. Sussurram-se nomes, “que isto nunca se sabe”. Escrevo a giz o nome de seu pai no muro.

Num tempo longo o medo desaparece, só ficam as pedras.
Pedra sobre pedra e talvez a memória do gesto.

[ Aparte: a arte da pedra seca foi reconhecida esta semana como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. ]
https://ich.unesco.org/…/conocimientos-y-tecnicas-del-arte-…

Luísa Ricardo, 30 de novembro de 2018.

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